quinta-feira, abril 10, 2008

Jogos Olímpios de 2008

Republico crônica que publiquei em 07/11/2001, sobre a escolha da China para sediar os próximos jogos olímpicos. Não utilizei nenhuma bola de cristal para adivinhar o que está acontecendo na atualidade - protestos pela tratamento impingido aos tibetanos.

Bater Forte

Engana-se quem credita ao fim da guerra fria o último ato do eterno conflito ideológico entre os defensores do capitalismo e do comunismo. O esfacelamento da repúblicas socialistas soviéticas - que falharam justamente no forte do terreno adversário, o capital - teve como conseqüência a retirada dos ex-soviéticos da corrida armamentista. Do outro lado, comprometidos com a manutenção da liderança mundial, os norte-americanos proseguem numa corrida sem adversários aparentes e se armam cada vez mais.

A China, com seus mais de um bilhão de filiados - compulsórios - ao partido comunista, Coréia do Norte, Vietnam, Cuba são exemplos da sobrevivência do ideário comunista. Nem precisamos ir tão longe, alguns dos nossos partidos políticos exibem garbosos siglas que contém o "c" de comunista, ou adotaram outros nomes mais "amenos" - sem que com isso tenham abolido suas convicções políticas.

Ciente da sua importância como um importante e emergente mercado econômico, a China abriu suas portas para o mercado mundial. Mas, ao contrário de outros países "expertos", que nós conhecemos muito bem, não rendeu-se incondicionalmente ao deus da globalização.

Dentro deste contexto a China passou a ser olhada, como o único modelo sobrevivente de expressão do sistema político comunista - ao qual se mantém fiel seguidora - para uns, ou como um grande e atraente mercado econômico para outros. As mazelas das "democracias" comunistas totalitárias, sempre presentes na China, passaram a ser encaradas como um pequeno inconveniente a ser tolerado em nome do deus do capitalismo ou do deus comunista.

Um destes pequenos inconvenientes, a execução - conforme denúncia da Anistia Internacional - de 1.800 condenados chineses de abril a julho deste ano - numa média de 450 por mês -, ou a execução de mais 18 pessoas neste mês de novembro, dentro da política íntitulada pelos chineses de "Bater Forte" - e bater bem forte pelo visto! -, é apenas detalhe, um sacrifício necessário em honra aos deuses.

Como aval da aprovação internacional do país, a China foi eleita a futura sede dos Jogos Olímpicos de 2004. Para manter uma certa coerência, deve estar incluída no programa oficial dos jogos, a substituição da revoada tradicional das pombas brancas - símbolos da paz - pela revoada dos urubus - símbolos mais adequados para a morte.

©07/11/2001 - RSouza

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