sexta-feira, dezembro 09, 2005

Ainda existem inocentes?

“Para os comuns, a lei. Para os desafetos, os rigores da lei. Para os amigos e parentes, os favores da lei”. Aquele que pensa que a lei é aplicada igualmente para todos, e que, portanto, como dizem "a justiça é cega", está redondamente enganado, quem tem esse tipo de percepção desconhece totalmente o funcionamento do sistema, as falhas do sistema. Será que ainda existem muitos inocentes que pensam desse modo?

Em todo este episódio envolvendo a apuração das maracutaias feitas por dirigentes do PT, e durante todo o tempo em que o Congresso Nacional, através das CPIs trabalha no sentido de tentar investigar os fatos, descobrir seus autores, no outro lado da trincheira, alguns órgãos do governo - ou por ação, ou por omissão - trabalham no sentido de dificultar o esclarecimento dos fatos. Não tenho nenhuma prova disso, mas é um "feeling", um sentir de quem já se acostumou a ver esse tipo de comportamento "para inglês ver".

A culpa é do próprio sistema, não temos um governo de estado, mas de partido. É pura inocência imaginar que todos estão empenhados no mesmo sentido, no mesmo propósito; como conciliar interesses totalmente diversos? Estes órgãos têm no seu comando funcionários ou alguém que foi indicado para uma função dita de confiança, isto é, são cargos políticos, cargos que não se galgam só - se é que tem "só" nessa frase - pela competência, a manutenção de qualquer um deles nos cargos depende do continuo "amém" dos seus superiores

Atrasos no fornecimentos de documentações, documentos incompletos ou com erros, apreensões que não são feitas, ou que quando o são o dano já está causado pelo atraso na sua execução, prisões que não são sequer pedidas por quem de direito, ou que se são pedidas, não são deferidas, a intenção é atrapalhar o andamento das investigações; ou há o fator do medo das conseqüências, como prender alguém que "sabe muito", alguém que fez parte de algum acordo?, enfim, tudo é feito para que não se chegue a um bom término dos trabalhos.

É claro que os envolvidos sempre declaram a intenção "de cortar na própria carne", "de chegar até às ultimas conseqüências", "apurar doa quem doer", e mais outras palavras de ordem que não passam disso: palavras de ordem, falatório que não expressa a real disposição de investigar nada.

Por tudo isso, que ninguém se iluda, qualquer coisa que for apurada, por ocasião da conclusão dos trabalhos, o terá sido "apesar de", e não com e pela ajuda daqueles que "deveriam" prestar todo o apoio no caso.

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