sexta-feira, novembro 25, 2005

Motor Da Vida

Conforme avança a cilindrada dos anos, o motor perde um pouco da compressão, a faísca - já cansada - algumas vezes se atrasa, não é sempre que pega na primeira (nem vá pensar numa segunda!). Quem não lembra dos bons tempos? A máquina bem afiada, um verdadeiro luxo! Beleza aquele "um ponto oito", uma litragem especial! Motor enxuto, ligeiro, não abaixava a cabeça pra ninguém, era um tudo! Um verdadeiro animal!

Depois de tempo, se convença, a cilindragem avança, tudo desanda, despenca, vai tudo lomba abaixo e, quando você menos espera, já está equipado com um "quatro alguma coisa". Não acredita? Pense bem! Eu já estou num cinco ponto três". Mas não reclame de tudo, que embora seja um motor pesadão, não dá pra reclamar de todo, ainda é máquina de alguma confiança, quase coisa de burguês! Bem regulado vira gatinho! Gira suave e ruge forte, nas horas do preciso vira tigre javanês. Não vasa, não tosse ou sacode; nem poluí a atmosfera ou algum tipo de gás ele libera.

Antes que em marcha ele se ponha, que, digamos, o bicho se disponha, e diga "pronto, aqui estou", vai um conselho: não elogie, ainda é cedo. Esse tipo de equipamento é dengoso, por qualquer coisa banca o manhoso e depois só dá arranque com um bom tranco. Vá com calma, ele não é mais desses motores modernos, filho da nova tecnologia, pode esquecer dos bi ou tri, combustível, este é bicho da antiga engenharia, um bicho papão, que come só o que bem quer e na hora que se dispuser.

Meu amigo não vá deixar esse motor no abandono, tenha com ele sempre o maior cuidado, não faça dele um cão sem dono. Mesmo com folga, com seu uso e nessa idade, nem que seja por costume e caridade, ele vai enfrentar qualquer carreira. A diversão é coisa garantida e, de brincadeira em brincadeira, vai andando pela vida, aumentando sempre a distância percorrida, que devagar se chega longe.

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