sexta-feira, novembro 10, 2006

O doce sabor da meninice

O doce sabor da meninice
Não sei se é possível comparar gerações diferente, outros tempos, outras eras. Qual a vantagem de se comparar?, nenhuma, eu acho, o tempo, a evolução é um fenômeno inevitável, irremovível. Se chegássemos a conclusão que as coisas há 100 anos atrás eram melhores do que hoje, retrocederíamos 100 anos na evolução? no progresso?

Assim é que as coisas são como estão - ou como elas hoje são. Talvez a única (in)utilidade seja o saudosismo, reviver a forma como as coisas eram feitas no passado. ou melhor, a forma como cada um de nós fazia e agia. Eu nasci numa Capital do Estado, Porto Alegre/RS, e até os sete anos morei aqui. Com essa idade meu pai foi transferido - funcionário público - para o interior do Estado, Santa Vitória do Palmar.

Santa Vitória do Palmar é um município pequeno no número de habitantes, com uma importância considerável para o estado e país. É considerado o maior produtor nacional de arroz, e sua situação geográfica, a 20 quilômetros do município de Chuí/RS, ponto extremo do sul do país, lhe empresta uma característica e um destaque especial.

Uma criança de sete anos não reconhece importâncias geoeconômicas ou políticas; reconhece liberdade, e Santa Vitória do Palmar era, aos olhos de um menino, o mundo da liberdade total. Muito embora a capital, naquela época, ainda não apresentasse as graves limitações de espaço e segurança dos dias de hoje. Mas Santa Vitória era um plus, um algo a mais. Acrescentava ao garoto vindo da
cidade as novidades da vida no campo.

Um novo mundo se abriu diante dos meus olhos. Os animais, a lida com os rebanhos, as lavouras, a proximidade com a fronteira, uma língua diferente!, a proximidade com o mar, a verdadeira intimidade, a familiaridade entre os habitantes que o viver numa cidade pequena proporciona. Hoje, depois de tantos anos, sei que as cidades interioranas perderam, em parte, essas qualidades, mas recordo com saudade esses tempos dourados da meninice.

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