quarta-feira, fevereiro 11, 2009

O Policial e o Juiz de Futebol

São profissões diferentes e que lidam com fatos diferentes. Ambos necessitam de bom senso e do poder de decidir acertadamente em muito pouco tempo. Os resultados decorrentes de seus erros são catastróficos: o erro de julgamento de um juiz de futebol pode determinar que um dos times perderá a partida, o campeonato; o policial ao errar poderá tirar a vida de um inocente.

Ninguém gosta quando seu time perde e menos ainda quando algum ente querido morre. O árbitro tem que analisar o lance em frações de segundo e dar o seu veredito: foi penalidade máxima ou não? O policial conta com a mesma fração de segundo para ver a arma na mão do marginal e decidir se cabe a legitíma defesa ou não. Seu veredito normalmente tem o poder de decretar a morte de um dos dois: a do marginal ou a do policial.

As partidas de futebol são transmitidas pela televisão e geram gravações que servem para posterior checagem do acerto do árbitro. Depois, como é comum, vários "entendidos" se unem para analisar - após reiterados "replays" do lance - se o juiz acertou ou não. As operações policiais, na sua maioria, não possuem testemunhas oculares nem gravações.

Recebi há algum tempo um email de um amigo da polícia norte-americana onde se pode assistir a uma cena em que um policial rende um suspeito. O suspeito começou uma ação com a intenção de colocar a arma com a mão esquerda no chão. Repentinamente o suspeito é atingido por vários disparos vindo de um outro policial colocado às suas costas.

A sensação inicial é de que os tiros foram precipitados e desnecessários. Olhando a cena em detalhes entretanto, é possível perceber que, enquanto com uma das mãos faz o gesto para depositar a arma, com a outra o suspeito saca outra arma colocada nas costas. Se o trabalho não fosse em equipe, se o outro policial não tivesse percebido o gesto, seu parceiro estaria morto.

Na vida real não tem replay. 

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