terça-feira, fevereiro 21, 2006

O poder popular

Poder - Lat. potere; verbo transitivo, ter a faculdade, a possibilidade de ou a autorização para; ter força para; ter ocasião de; estar arriscado ou exposto a; dispor de força ou autoridade; possuir força física ou moral para.

Voltei há pouco da minha caminhada matinal. Descobri uma das praças do bairro completamente depredada. Alguns brinquedos da pracinha das crianças - balanços, gangorras - arrancados e, toda a praça, sem exceção de um único centímetro quadrado, pichada. O lixo toma conta do local, está espalhado por toda parte. Para coroar essa paisagem, o perfeito retrato do abandono, a armação daquilo que um dia já foi um sofá-cama, reina em pleno centro da praça como um totem, o monumento ao abandono.

Cheguei em casa reclamando de quem depredou e de quem não depredou; de uns pela ação, de outros pela omissão. A existência de uns pressupõe a existência dos outros. Aqui nessa terra onde, desde cedo, nós aprendemos que é condenável dedurar, os delatores são seres vis, não importando o que os autores tenham feito; que o certo é não se meter no que não se é chamado, não se envolver; que o certo é sempre "deixar pra lá"; que em caso de estupro o procedimento deve ser "relaxe e goze"; que se for um assaltado, "mantenha a calma, fique frio e entregue tudo".

Porque aqui o povo não pode, não tem poderes, exceto quando se trata de reivindicar coisas mais importantes, como, por exemplo, um show extra do U2 - nesse caso vale fazer protestos e quebradeiras -, ou para exigir, por exemplo, um time melhor para o "Timão" ou outro time qualquer. Essas são causas que merecem - e normalmente têm - o apoio popular. Outras causas, brigar contra mensalão, a corrupção, desemprego, não são consideradas causas que mereçam o apoio popular, não merecem a adesão do povo, pois nesses casos o povo diz que não pode, que não tem poderes.

A postura de enfrentar o estuprador, o assaltante, o depredador, o corrupto é uma atitude perigosa? Disso não resta a menor dúvida! Entretanto, como disse Gustave Le Bom, certas vezes se faz necessário até um derramamento de sangue para se afirmar a honra de um povo, o sangue de alguns em benefício de todos. O que não é possível, é suportar eternamente ver os "lobos" abaterem ovelhas na certeza de que ninguém lhes oporá resistência.

Um comentário:

Unknown disse...

Oi Ronaldo, obrigado pela oferta sobre HTML, mas vc tem certeza do que está oferecendo???? Posso me tornar incoveniente, hem!
Brincadeira. Desisti do blog-se. E, pra falar verdade prefiro o dorms que o opiniário. É mais agradável!
Falando do seu post, era justamente isso que gostaria de ter chamado atenção no caso do ödio por Desconhecido, mas esse lado estava na parte 2 - Aquele olhar, fato que me surpreendeu porque não são todos que estão "alienados" para política como "a classe que reclama", a qual eu me incluo. percebi que os poucos amigos que me acompnham não entederam a mensagem. só queria gritar: gente, olha aí -- os caras estão conseguindo o que eles querem cada vez mais e tudo isso por nossa culpa.
Mas como vc já disse no mundo bloggueiro, a dificil arte de escrever ás vezes faz a gente passar a mensagem errada. Falou. Tks